Atualmente, há uma grande procura das pessoas pelas práticas integrativas e complementares (PIC’S), terapias essas que são advindas de técnicas milenares como a chinesa, indiana, ayurveda e isso tem motivado a ciência pela busca do aprofundamento e da comprovação da sua eficácia. Na edição deste mês, conversamos com a professora universitária Fernanda Tunes que é esteticista e historiadora, pós-graduada em Práticas Integrativas e Complementares, coordenadora do Curso Bacharelado de Estética da FUMEC e docente desde 2010, que nos contou um pouco mais sobre as práticas integrativas e complementares. Confira abaixo essa excelente entrevista!

1 O que são e quais as terapias estão dentro do conceito conhecido como Práticas Integrativas e Complementares (PIC’s)? 

Práticas Integrativas Complementares são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir as diversas doenças. São ações de cuidado transversais, podendo ser realizadas na atenção básica, na média e alta complexidade. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimentos à população de forma integral e gratuita de 29 procedimentos de Práticas Integrativas e Complementares (PIC’s).  

São elas: Acupuntura, Antroposofia, Apiterapia, Aromaterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Bioenergética, Constelação familiar, Cromoterapia, Dança circular, Fitoterapia, Geoterapia, Hipnoterapia, Homeopatia, Imposição de mãos, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Ozonioterapia, Quiropraxia, Reflexologia, Reiki, Shantala, Terapia comunitária integrativa, Terapia de florais, Termalismo e Yoga 

2 Quais são os principais benefícios para a saúde? Em que situações são indicadas? 

Os recursos terapêuticos possuem um grande objetivo de prevenção das doenças, mas também a promoção e recuperação da saúde. Porém o caminho escolhido dentro dessas terapias é de um maior acolhimento do paciente e um foco no autocuidado. O paciente participa do processo de cura, pois percebe que o cuidado deve ser contínuo e humanizado.

Trabalhar com a prevenção através de terapias mais viáveis e menos complexas que a medicina moderna, abre o acesso para a população, de modo geral, para a busca da cura e bem-estar. Principalmente para os mais desprovidos de recursos que não tem acesso a planos de saúde e a medicamentos avançados e consequentemente de custos mais altos.  A medicina moderna tem um foco maior no controle pelos tratamentos paliativos e alívio das doenças. 

As indicações são ilimitadas, porém devem ser sempre avaliadas pois em muitos casos contribuem como recurso terapêutico complementar a um tratamento alopático tradicional, no caso de agravos críticos ou avançados.

3 Quais profissionais estão aptos para trabalhar com as PIC’s? Qual a formação necessária? 

Evidências científicas têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares. Existe um crescente número de profissionais capacitados e habilitados para exercerem as terapias. 

Os profissionais com registro específico ou vínculo formal em PIC são poucos. Isso se deve ao fato da formação em PIC no Brasil ser insuficiente e difusa. A realidade é uma limitação na oferta e na qualidade desse tipo de formação. Normalmente essas formações estão segmentadas em capacitações através de cursos livres ou em formato de cursos de pós-graduação lato sensu. Isso reflete em uma formação informal dos profissionais que simplesmente praticam as terapias, quando optam pelos cursos livres. Já o profissional de saúde, consegue desenvolver competências mais adequadas e completas para atuarem nas terapias. Nesse caso existe uma adesão maior por enfermeiros, esteticistas, fisioterapeutas e psicólogos.

4 Com o isolamento imposto pela pandemia da COVID 19, vimos o aumento da procura por tratamentos que visam o bem-estar e a saúde mental/emocional. Como você vê a eficácia das práticas integrativas no pós pandemia?

O que o mundo aprendeu durante esse tempo foi uma nova forma de lidar com a saúde. As pessoas passaram a se interessar por esse assunto, se inteirarem e principalmente a agirem em prol da saúde. Um movimento de humanização através da solidariedade e empatia permitiu uma nova visão no cuidado e na busca pelo bem-estar, saúde mental e emocional, que foi tão importante para todos passarem por esse momento de pandemia. 

As práticas integrativas permeia nesse contexto aliado ao momento que as pessoas percebem que o mundo que tanto valoriza altas tecnologias, não foi capaz de impedir uma ameaça dessa dimensão. Foi o momento que o mundo se perguntou de que adianta tanto avanço? Surge então o movimento inverso, que traz uma busca pelas origens da relação humana. Uma busca maior pela visão holística do paciente e não mais a fragmentação em diversas especialidades que se esquecem de conectar tudo que envolve a vida do seu paciente. 

5 Tanto na área da saúde como na sociedade em geral ainda existe um preconceito com relação à utilização das práticas integrativas por serem consideradas “terapias alternativas”? Qual a importância da desmistificação e da ampliação da utilização dessas técnicas?

Infelizmente existe uma associação dessas práticas integrativas a um perfil exotérico e curandeiro. Apesar de vários estudos científicos comprovarem a eficácia de diversas terapias.        

A importância da desmistificação e ampliação dessas terapias se dá pelo fato de existir um aumento na procura e um reconhecimento por parte da OMS (Organização Mundial da Saúde). Ou seja, é necessário ampliar o acesso às PIC’s, porém garantindo qualidade no serviço, eficiência e eficácia no processo e segurança no uso. São alternativas que permitem o desenvolvimento sustentável da saúde da sociedade. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *